quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ausência...

O que exatamente quer dizer uma longa ausência? Creio que esta questão não é mensurável, em certas situações, um ou dois dias já são de certa forma uma longa ausência, em outras, no entanto, meses não geram as mesmas sensações. O que é ausência? Drummond em um dos meus poemas favoritos diz: “Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. [...] e essa ausência assimilada ninguém a rouba mais de mim...” Concordo! Não há falta na ausência... Vejo que há tantas pessoas que se “ausentam” fisicamente, mas permanecem ligadas, alimentando sentimentos, fortificando relações, mantendo contato... Outras, mesmo estando presentes, estão longe, mais ausentes que àqueles que estão distantes, o maior erro em minha opinião é nos ausentarmos com as pessoas que foram fazendo parte de nossas vidas, nossos amigos, nossos ex-vizinhos, nossos amores... Por que nos ausentamos completamente da vida destas pessoas? Parece que todo tempo que estivemos juntos não foi o suficiente para mantermos uma relação duradoura... Parece que este tempo evaporou... Sei que seguimos caminhos diferentes e que cada um de nós tomou um novo rumo em algum momento, mas, você não sente falta dos seus velhos “melhores amigos”? Assimilar a ausência é um processo lento, assim como Drummond, eu penso que é natural sentir falta na ausência, porém, assim que a assimilamos percebemos que na verdade a ausência é mais uma possibilidade, é um espaço deixado para ser preenchido por novas experiências e sensações, e podemos, inclusive, preencher esta ausência com algo muito valioso, que somos nós mesmos! Quantas vezes você se ausentou de você mesmo? Não ouviu seu corpo, não respeitou seus sentimentos, não obedeceu aos seus desejos? Não se dedicou a você mesmo? Há quanto tempo você aguarda para que algo ou alguém preencha esta ausência em você? Sendo que a única pessoa capaz de te completar é você mesmo? Não importa qual seja a situação... Nada nos completa. Somos ou ao menos deveríamos ser completos, todo o resto nos "complementa..." Acrescenta, contribui, agrega valor ao que somos, e, se por acaso, algo ou alguém se vai, não nos esvazia, não nos deixa menos completos, simplesmente vai, assim como tantas coisas foram e outras vieram... E entre estas idas e vindas podemos sim, ter outras sensações, mas nunca nos sentiremos vazios... Nem sentiremos falta na ausência, é sempre um novo processo de adaptação, porém, sempre estaremos completos nos adaptando a novas situações, novos empregos, novos amigos, novos amores... A doce ausência também é um estado de espírito!

Um comentário:

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