sexta-feira, 25 de março de 2011

Um ano. Muito ou pouco?

Depende. Depende do contexto no qual você está inserido, depende das circunstâncias que o rodeiam, depende do que estamos falando, depende do que é um ano pra você! A pergunta em questão diz respeito ao último ano! De 26 de março de 2010 a 26 de março de 2011, amanhã. Ano passado, aproximadamente dois meses antes desta data eu comecei a minha odisséia, descobertas, exames, consultas, medo, insegurança, solidão. Não importa quantas pessoas estejam ao seu redor, quando você está com um grande problema, você está sozinho (a), com seus pensamentos, com sua esperança, com sua fé, com sua força de vontade, com você mesmo. No dia 26 de março do ano passado foi a minha primeira cirurgia para remoção do câncer. Ampliação de margem de segurança e retirada de linfonodo sentinela, de fato, naquele momento eu não tinha noção se teria mais um ano de vida! Honestamente, por mais que todos (nem todos) ao meu redor naquele momento estivessem me proibindo de tocar neste assunto, de pensar desta forma, de desacreditar, confesso que muitas e muitas vezes isso passou pela minha cabeça! A partir daquele momento o caminho seria tortuoso, severo e decisivo. Eu tinha uma escolha sim, lutar ou me entregar, (e pelo fato de estar aqui lhes escrevendo, vocês devem imaginar qual foi minha opção). O caminho foi sim, difícil, mas foi uma peregrinação pelo meu ser, me descobri, mais, muito mais forte do que eu podia imaginar, muito mais calma, muito mais espontânea, e muito mais sem vergonha (no bom sentido), não me escondia para chorar, chorava o quanto fosse necessário para me acalmar, pensava, em tudo que poderia vir a acontecer, sofria, por antecipação situações que até aconteceram, mas que não mereciam tanto sofrimento, rezava, pra Deus diariamente pedindo respostas, mesmo sem ser praticante de nenhuma religião trago comigo a fé em Deus, uma energia superior que explica muitas coisas sob a terra, escrevia, meus sentimentos, meu ódio, minha indignação, esperava, palavras carinhosas e gestos amorosos de quem não aprendeu a amar, buscava, informação, conforto e esperança em todas as fontes que me apresentavam, vivia, um dia após o outro torcendo pra continuar mais tempo por aqui! Os três meses que se seguiram após esta data, foram muito mais longos que o ano mais longo do qual você consiga se recordar, foram meses de reclusão, meses em que as coisas que eu mais temia aconteceram, meses em que as únicas forças que eu tinha só poderiam ter vindo de Deus por que seria quase humanamente impossível passar por aquilo sozinha, foram os três meses mais longos da minha vida, entre aparecimento de metástases e separação eu tinha que seguir em frente, forte, pois tinha algo muito valioso pelo qual lutar e isso era a minha vida! Quem diria? Um ano se passou, muita coisa mudou, a vida segue e eu lhe pergunto, um ano, muito ou pouco? Sempre será pouco para quem tem desejo de viver, de ser feliz, de alcançar seus objetivos, sempre será muito para aqueles que só sabem reclamar, murmurar e perder tempo com mesquinharias, sempre será pouco quando o assunto em questão for evoluir, sempre será muito para aqueles que acham à vida pesada de mais e são escravos do comodismo... Um ano... Tempo suficiente para percebermos que a vida é uma dádiva, que sonhos são possíveis e que ninguém está aqui sozinho! Se eu pudesse resumir este ano em uma palavra, ela seria superação! Mas tantas outras cabem nesta minha comemoração, sim, comemoração, quero comemorar a vida, quero comemorar a saúde, o amor, a gratidão, a amizade, a medicina, a fé! Não importa o que esteja acontecendo na sua vida neste momento, não importa qual é a sua situação, acredite simplesmente que nada acontece por acaso, nada nos acontece sem uma boa razão! Acredite em Deus, acredite na vida e lute! Até onde você tiver forças para lutar! Eu só posso dizer uma coisa, vale a pena!

2 comentários:

  1. Depoimento emocionante, Patrícia! Sem dúvida a FÉ (adicionada à força de vontade, família e amigos) opera milagres. Muita felicidade nessa nova fase da tua vida, querida! Fica com Deus. Beijo grande...Célio

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  2. Muito ou Pouco... realmente, depende... Acompanhei, mesmo que nalguns momentos à distância o de minha mãe... para ela, mais do que para qualquer um de nós, foi duro... apenas ela sabia o que lhe passava na cabeça... hummm... 5 filhos, meio difícil se dar ao luxo de desistir pelo caminho... hoje está lá, firme e forte, aprontando como só ela apronta... rs

    Bola prá frente. 1 ano? depende (do que pretende fazer daqui prá frente com cada ano com o qual se deparar)... mas, pensando bem, um ano é muito pouco perto de todos os que lhe virão. :)

    Bjo.

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