quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um Baú...

Quanta coisa é possível se guardar em um baú. Lembranças, sonhos, desejos, objetos, memórias, livros, fotografias, receitas, coisas materiais ou não... Hoje, após quase um ano, remexi num destes baús da vida e, surpresa! Encontrei várias coisas, coisas que queria, coisas que detestei, coisas que me fizeram feliz e triste ao mesmo tempo, coisas que me mostraram um lado bom e ruim de mim mesma. Recordações... Aliás, diariamente me remeto a recordações. Seja por intermédio de pessoas, de objetos, de sabores, de aromas... Quantos baús interiores nós temos? Em que guardamos tantas coisas inúteis, sem sentido, sem objetivo. Acumular por dias, meses e até anos várias coisas que num determinado momento não fazem a menor diferença... Hoje, remexendo em um baú, me encontrei... Ou melhor, me reencontrei... Reencontrei uma mulher apaixonada, entregue, lúdica e sonhadora, quase não acreditei nos recortes de receitas e decorações que eu guardava como inspiração, e nem nos cartões que eu mesma confeccionava em ocasiões especiais, nas velinhas multicoloridas que eu usava no jantar, nos cadernos decorados com planejamentos educacionais, no livro de feng shui, no filme "O jardineiro fiel" (um dos meus preferidos) e até no dvd do The Corrs... E as decorações de natal? Que eu não fiz a menor questão de procurar no mês de dezembro que passou... Pastas, documentos, certificados... Certificados de todos os tipos, profissionais, emocionais e até certificados de burrice... Sim caros amigos... Como somos burros às vezes, uma burrice necessária que nos leva ao crescimento, ao desenvolvimento pessoal. Reencontrei-me nos trabalhos manuais, porque uma mulher moderna pode sim bordar uma linda toalha em ponto cruz, e era ali, em cada um daqueles pontinhos que eu estava naquele momento, nos moldes, nas fitas, de cetim, de juta, de papel, devidamente guardadas, nos convites... Foram tantos casamentos, formaturas, aniversários e cada um destes papéis estava guardado, o álbum de casamento dos meus pais que após a separação deles ficou comigo e agora que eles estão juntos novamente volta a fazer sentido. O que mais tinha neste baú era energia, era aquela carga emocional ali presente, pairando naquele espaço que por incrível que pareça não era tão grande assim! Talvez eu tenha demorado tanto pra estar frente a frente comigo mesma por covardia, por medo, por precaução... Acredito que pra tudo há um momento e o momento de esvaziar o baú e deixá-lo livre pra novas sensações foi hoje! Foi bom! Me deu energia pra fazer coisas que estavam adormecidas, mas que vieram à tona novamente. Por mais que o meu baú fosse físico e tenha sido esvaziado de forma lenta e saudosa é realmente necessário que de vez em quando façamos uma faxina em nossos baús interiores, para que estes possam ser preenchidos e esvaziados, sucessivamente... São estes momentos de encontros e reencontros conosco que nos centralizam, nos equilibram e fazem as coisas terem sentido... Aliás, a vida é um quebra cabeça, que aos poucos vai sendo montada, para daí, fazer sentido! C’est la vie...

Um comentário:

  1. Hoje passei boa parte da noite acordado, tentando me encontrar, buscando respostas, ...

    Acabo de ler seu texto e me vejo mergulhado em reflexão ainda mais profundas, suas palavras são sensatas. Puxa! como é importante esvaziarmos nossos baús, limparmos nossas janelas.

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